ABCD destaca meta de chegar ao Rio 2016 sem casos de dopagem entre brasileiros

Imagens do Novo Polo de Química da UFRJ, ao qual o LADETEC é vinculado  / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro - Vários aspectos da luta antidopagem no Brasil, de sua história e controles hoje realizados no País, até a construção de um novo prédio para o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (Ladetec) foram discutidos em audiência pública na Câmara dos Deputados. 
 
O debate, organizado pela Comissão de Turismo e Desporto (CTD), contou com a participação do diretor executivo da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Marco Aurelio Klein; coordenador de Controle Antidopagem do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Eduardo De Rose; e do diretor presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), Ademir Valério da Silva.
 
Marco Aurelio Klein falou do papel da ABCD, de “consolidar o combate à dopagem no País” e se tornar uma ligação entre as instituições esportivas e o governo brasileiro, com a meta de chegar aos Jogos Olímpicos e aos Jogos Paraolímpicos do Rio 2016 sem nenhum caso positivo entre atletas brasileiros. “Estamos na fase de instalação da ABCD”, disse o diretor executivo, que lembrou o trabalho em curso para o alinhamento do Código Mundial Antidopagem com a legislação brasileira. Klein falou do trabalho para o diagnóstico desse tema no País, com pesquisa feita com quase 5 mil beneficiários do programa Bolsa-Atleta do Ministério do Esporte, e de levantamentos feitos com as confederações esportivas. Ele também destacou a importância – e o desafio – de levar informação sobre dopagem aos atletas, a partir de programas de educação.
 
Das ações já iniciadas, ele citou o trabalho com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para maior agilidade no trânsito de amostras coletadas e na importação de substâncias controladas, necessárias para calibração das análises. “Também estamos elaborando o Plano Nacional Antidopagem para ser implantado em 2014”, explicou.
 
Klein falou ainda da construção do novo prédio do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem/Ladetec, em terreno do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), como “um dos maiores legados do Rio 2016”. Com financiamento do Ministério do Esporte e atualmente na etapa de obras de fundações, a expectativa – segundo o diretor da ABCD – é que o novo prédio esteja pronto em abril de 2014. O LBCD/Ladetec é o laboratório das análises da Copa das Confederações e será o laboratório para a Copa do Mundo FIFA 2014, os Jogos Olímpicos e os Jogos Paraolímpicos Rio 2016.
 
No Brasil, dopagem é “mais acidental que intencional” - Pelo COB, o médico Eduardo De Rose falou dos trabalhos que faz com antidopagem desde 1972. “Em 2011, dos 5.600 controles efetuados, 0,76% deram positivo, contra 1,2% do que vemos no nível internacional. E desses 5.600, quase 4.000 foram feitos no futebol. Nesse esporte, tivemos 0,28% de casos positivos, contra os 0,60% no nível internacional”, destacou.
 
Segundo o especialista, as amostras positivas no Brasil são mais relacionadas a estimulantes – cocaína, por exemplo, uma droga mais de “ocasião”, que não serve para melhorar o desempenho esportivo, como os anabólicos esteroides. “Isso mostra o grau de desinformação dos atletas e revela que a dopagem no Brasil é mais acidental que intencional.”
 
De Rose destacou a importância de investigar roubos de EPO (Eritropoietina), droga que estimula formação de glóbulos vermelhos no sangue, para mais oxigenação no corpo e consequente melhora de performance, principalmente em provas de longa duração – de resistência), em hospitais. A EPO roubada é traficada e vendida, disse, e essa investigação depende de polícia.
 
Também falou da necessidade de disponibilização de equipamentos e técnicas para análises de sangue (e não apenas urina), para que se possa detectar hormônio do crescimento (hGH), transfusões e Cera (Continuous erythropoietin receptor activator), uma “terceira geração” da EPO – que induz o próprio organismo a produzir a substância, para que não seja detectada como “exógena”.
 
Ademir Valério da Silva falou sobre processos de manipulação na confecção de medicamentos, que alcançam 7.500 empresas no País. “Não são farmácias com especialistas em dopagem”, mas com “regras claras” a serem obedecidas. “Seguimos normas profissionais e sanitárias, listadas em 433 itens, que tratam desde a infraestrutura física do local, até equipamentos, materiais e manipulação das substâncias. Algumas delas, inclusive, obedecendo a procedimentos em áreas segregadas”, observou. “O Brasil atingiu grau de excelência em remédios manipulados. E tudo é registrado para rastreamento: drogas, áreas de trabalho, horários em minutos.”
 
Amostras precisam ir para laboratório credenciado - Depois das explanações, o deputado Romário, presidente da Comissão, apresentou questões aos convidados, como as amostras enviadas pela Federação Paulista de Futebol (FPF) a laboratório da USP, não-credenciado pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês). De Rose esclareceu que no País, hoje, o procedimento antidopagem é feito pelas confederações brasileiras e as amostras precisam ser enviadas a um laboratório acreditado pela Wada.
 
A partir da harmonização dos procedimentos brasileiros com o Código Mundial Antidopagem, todas as amostras coletadas, para não entrarem em um processo ”irregular”, como observou Klein, têm de seguir para laboratório acreditado pela agência mundial. “O Campeonato Paulista de 2014 terá suas amostras enviadas pela FPF ao Rio de Janeiro”, afirmou o diretor da ABCD.
 
O pagamento de kits e análises da Copa das Confederações e da Copa do Mundo Fifa 2014 é responsabilidade da Fifa. No caso dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paraolímpicos, a responsabilidade é do Comitê Organizador, esclareceu De Rose, em resposta a outra dúvida do deputado Romário.

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