Calderano não teme favoritos no Rio 2016: “Dá para brigar com todos”

Calderano ao lado da mãe, Elisa, que integrou à rotina o papel de espectadora assídua dos jogos do filho pela internet, independentemente do fuso horário das partidas / Foto: Marconni Andrade/Brasil2016.gov.br

Rio de Janeiro - O principal foco de Hugo Calderano está mais adiante: ele espera estar no auge da carreira em edições futuras de Jogos Olímpicos. Mas o mesatenista que completa 20 anos no mês que vem não irá ao Rio 2016 só para participar.
 
Campeão do Pan de Toronto em 2015, Hugo sabe que medalha é improvável, mas não teme os favoritos asiáticos e europeus.
 
“Não tenho meta específica, só quero chegar lá com a certeza de que posso competir com jogadores top. Medalha é muito difícil, mas tenho certeza de que dá pra brigar com todo mundo”, diz.
 
Atualmente o 63º no ranking mundial, ele terminou a temporada 2015/2016 da liga alemã, em abril, com saldo positivo. Defendendo o Ochsenhausen, ganhou dez jogos e perdeu quatro. Uma das vitórias foi marcante: superou o português Tiago Apolonia, 20º do mundo.
 
“Ele é muito bom, experiente, e me deu confiança, inclusive porque nesse dia eu também ganhei do esloveno (Bojan) Tokic (atual 48º do mundo) e consegui dois pontos para a minha equipe. Eu já tinha ganhado de outros jogadores bons no ranking mundial e entrei bem confiante. Eu sabia do meu potencial, que podia conseguir a vitória. Isso mostra ainda mais que posso jogar no nível do topo mundial”, afirma.
 
O atleta se prepara da mesma forma para cada jogo, não importa o adversário. “É importante ter a disciplina de entrar em cada jogo muito focado, seja um jogador mais forte ou mais fraco. Não pode dar margem para erro. E, se aparecer a oportunidade, você tem que pegar”.
 
Até voltar ao Rio em julho, para a reta final de preparação com a seleção brasileira, Hugo ainda vai treinar duas semanas na Alemanha e disputará a Copa Latino-americana, na Guatemala, e os abertos da Coreia do Sul e do Japão. São oportunidades de ganhar ainda mais experiência antes de estrear no Pavilhão 3 do Riocentro, em agosto.
 
“Eu tenho um estilo específico de jogo, bem agressivo, então acredito que ninguém vai entrar para jogar comigo relaxado, achando que pode ganhar fácil, e é isso que quero mesmo, que eles sintam uma certa pressão, mesmo eu não sendo favorito”, afirma o medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim, em 2014, na China.
 
Presença garantida - Falta de apoio não vai ser problema no Rio 2016: a família e os amigos de Calderano já compraram ingressos para as competições de tênis de mesa. Para ele, a torcida é estímulo muito mais do que pressão.
 
“É muito legal jogar a primeira Olimpíada na minha cidade, com todos os amigos e a família torcendo, me apoiando. É incentivo a mais. Todo dia eu penso um pouquinho nas Olimpíadas. Se mentalizo meu jogo, já me acostumo com como vai ser na hora e não fico tão deslumbrado. A torcida não costuma me afetar, sempre fico focado na mesa, no jogo”, diz.
 
O avô Antônio de Araújo vai ficar ainda mais perto. Ele foi voluntário no evento-teste do tênis de mesa, em novembro de 2015, e  já recebeu a carta-convite para atuar também nos Jogos.  “Fico imaginando a minha reação, não tenho ideia de como será. Mas vai ser emocionante. E vou pedir uma dispensazinha na hora que ele for jogar para poder torcer sem estar envolvido na atividade”, diz o avô Antônio.
 
“O meu avô sempre acompanhou muito a minha carreira. Quando me mudei pra São Caetano, ele foi comigo para me ajudar lá, sempre torceu muito. E na hora mais importante da minha carreira ele vai estar lá olhando de novo”, acrescenta Hugo.
 
Reinventando a relação - Filho e neto de professores de educação física, Hugo começou cedo a experimentar esportes. Chegou a ser campeão carioca de salto em distância e venceu o estadual de vôlei na categoria infantil, enquanto já praticava tênis de mesa. A opção pelas raquetes e bolinhas o levou para São Caetano do Sul (SP) quando tinha 14 anos. Na “bagagem”, o avô Antônio de Araújo. A mãe ficou com o coração apertado, mas todos sabiam que esse era o caminho certo. Há dois anos, ele treina na Alemanha e o apoio continua a distância.
 
"Há cinco anos ele saiu do Rio para treinar em São Caetano, há dois anos mora na Europa, então mais longe ainda, e a gente teve que reinventar a nossa relação. Acabei de criar meu filho através da internet, mas acho que fizemos um bom trabalho”, afirmou a mãe, Elisa Borges.
 
Os fusos horários da Europa e de qualquer outro lugar onde Hugo esteja competindo mudaram a rotina de sono da família. “Quando ele joga do outro lado do planeta, já sei que vou dormir mal a semana inteira porque vou ficar acordando de madrugada. Às vezes eu não coloco despertador para não perder a noite de sono, mas acabo acordando sozinha para acompanhar os jogos dele”, conta Elisa.
 
“A gente fica na frente do computador, não importa a hora, a gente acompanha. Quando falha a transmissão, a gente vai seguindo o placar no ‘live score’. Eu assisto, mas não consigo ficar muito tempo na frente do computador. Ando para um lado, para o outro, torço muito. Em todos os jogos, na liga alemã também, não perco um”, reforçou o avô.
 
E só de pensar que uma decisão lá trás, há quase sete anos, impulsionou esse caminho, faz Elisa se emocionar. “Quando o Rio foi escolhido sede das Olimpíadas em 2009, eu lembro exatamente. Estava no trabalho, a gente ligou a TV para assistir ao momento da escolha e eu tinha certeza de que a vida do meu filho ia mudar. E realmente mudou, porque ele estava no lugar certo, na hora certa. Tudo o que aconteceu no esporte do Brasil a partir daquele momento teve impacto positivo na vida dele”, disse. “Quando chegar a hora, vou me lembrar daquele momento em que vi o cara dizer ‘Rio de Janeiro’ e vai passar um filme. Vai ser muita emoção”.
 
 

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